quinta-feira, 11 de março de 2010

O trabalho

O trabalho, este sim é solido.

A classe trabalhadora às vezes some de cena, mas reaparece mais forte. Entra crise sai crise, lá está ela: firme e forte. Os capitalistas tentam de todas as formas aumentarem os lucros que já não são pouco, tirando mais dos trabalhadores. Quando não é crise do petróleo é crise financeira, quando a realidade não sustenta nenhuma dessas duas, os capitalistas inventam outra, provocando novas guerras inventadas, que a justifiquem. E assim os trabalhadores vão passando séculos, se virando como podem muitos trabalhando em dois períodos ou colocando a família para trabalhar para complementar a renda. No mercado de trabalho, hoje, o que estamos assistindo é uma verdadeira guerra por uma vaga de emprego. Mas os capitalistas de plantão e seus representantes fazem as coisas acontecerem de tal maneira que os seus interesses sejam sempre atendidos. Agora eles querem que os trabalhadores se qualifiquem, sendo essa mais uma alternativa para excluir os trabalhadores do mercado de trabalho. È do conhecimento de todos que os trabalhadores não têm tempo nem de respirar, quanto mais para fazer uma qualificação que lhes garanta um novo posto de trabalho. Qualificação requer tempo e dinheiro e só adquire sentido quando valoriza o capital do empregador. Nas periferias dos grandes centros, basta que se dê uma volta para ver onde os jovens estão empregados, em trabalhos que não dependem de qualificação, e em muitos casos sem registro em carteira, sendo a desculpa do empregador, que é melhor ele trabalhar assim do que ficar na rua, discurso que é assimilado pelos pais ou responsáveis dos jovens. Quando inventaram o toyotismo, em substituição ao fordismo, o objetivo foi recuperar os lucros, em redução, por conta da crise. Nesse sentido, foram achatados os salários e um novo fôlego foi dado a este sistema que, de tempos em tempos, precisa ser reanimado, pois não é um sistema sólido, pois sólido é apenas o trabalho e o capital vive querendo subjugá-lo. O mais incrível neste conjunto de idéias mirabolantes que os capitalistas inventam para continuar a controlar a vida dos trabalhadores é que, por um lado, transferem a responsabilidade do (des) emprego para o trabalhador, cujo motivo seria a falta de qualificação e, por outro, têm sempre um discurso prontos contra a redução da jornada de trabalho. Uma pergunta: a que horas o trabalhador vai se qualificar? O trabalhador acorda todo dia às 5 da manhã para estar no trabalho as sete, chega em casa às oito da noite, cansado. Que hora lhe sobra para se qualificar? Um exemplo de exploração capitalista está no emprego de mulheres, com as quais estão enchendo as linhas de produção e montagem das empresas, em substituição aos homens, pois estes ganham mais que as mulheres. Enquanto as mulheres saem para trabalhar nas empresas, os homens ficam em casa ou fazendo o chamado bico. É só ver o numero de greve que atualmente existe nas empresas. Não que as mulheres não sejam de luta, mas elas pensam nos filhos, no marido, e na casa antes de entrar em uma greve. As mulheres são de luta sim, tanto que foram massacradas por lutarem pela redução de jornada e melhores condições de trabalho em 8 de março de 1857. Mas, no momento, os capitalistas já viram que com as mulheres fica mais “fácil” aumentar seus lucros. Aliado a isso, o capital conta com sindicatos despreparados, por desconhecerem os fundamentos das atuais determinações capitalistas. Mas, uma coisa é certa, a força do trabalhador é uma fonte inesgotável. O trabalhador só precisa ter clareza de que é o capital que precisa de trabalho, não é o trabalho que precisa do capital. Sem trabalho o capital inexiste. Já o trabalho, é uma “eterna necessidade”, em qualquer sociedade. O trabalhador precisa acreditar mais em sua força, e ter consciência de que é a sua força de trabalho que enriquece o patrão e perceber que ele pode/deve ser o operário em construção de um mundo melhor. Para isso, cada trabalhador precisa entender que faz parte da classe trabalhadora e que esta é internacional, porque o capital é internacional. Enquanto o capitalismo existir, os trabalhadores só existem enquanto classe trabalhadora, porque esta é uma sociedade de classes. Contudo, o capitalismo financeiro não é o fim da história, portanto, é uma questão de escolha: perpetuar a submissão ou optar por uma sociedade de produtores associados, sem divisão de classes, onde todos serão trabalhadores e todos terão acesso aos bens produzidos.







Trabalhadores do mundo Globalizado


A classe trabalhadora, hoje em dia, é dividida por categorias, cujas datas bases para negociação de salários são diferenciadas. Essa divisão é mais uma forma de o capital impor sua dominação. Categorias que antes eram fortes e organizadas em um sindicato único, hoje nós vemos divididas por sindicatos fragmentados, muitas vezes representados por pessoas despreparadas, que se aliam aos empresários para não serem incomodadas. São, geralmente, trabalhadores que não se reconhecem como tal e que querem ser presidentes sindicais por acreditarem que essa posição lhes garante status. Os capitalistas, na maioria das vezes, fazem o discurso para seus trabalhadores que sindicato não leva a nada, que sindicalista só quer pegar seu dinheiro através das contribuições, mas se você perguntar a ele se é filiado ao sindicato patronal ele diz que sim e é atuante. É aquela história de faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço. Foram as lutas históricas ocorridas pelo mundo, realizadas por lideranças sindicais combativas e entidades comprometidas com as lutas sociais do campo e da cidade que mudaram a triste realidade da classe trabalhadora no mundo. Tivemos marchas por redução de salários, por melhorias das condições de trabalho, por reforma agrária, enfim uma infinidade de lutas, nas quais, muitas vezes, lideranças de trabalhadores pagaram com a própria vida e com o exílio. Os capitalistas nunca aceitaram que os trabalhadores se organizassem: muitas vezes, a polícia, braço armado dos capitalistas, era chamada para reprimir as lutas e as organizações combativas. Os trabalhadores organizados conseguiram, inicialmente, se organizarem clandestinamente em comissões de fabricas para combater o capitalismo e lutar por melhores condições de trabalho e redução de jornada de trabalho. Mas, o mais importante desta luta era a consciência de classe que as lideranças combativas tentavam colocar na cabeça dos trabalhadores. E, assim, os trabalhadores ora trabalhavam, ora se organizavam, surgindo daí entidades combativas. Foi crescendo o nível de organização dos trabalhadores, e assim o capitalista que antes mandava a policia reprimir as organizações combativas com força, perceberam que isso só aumentava as organizações e as greves eram inevitáveis. Então os capitalistas com medo de ver suas fabricas vazias por enfrentarem inúmeras greves, resolveram mudar de tática e começaram a pensar em atrair os trabalhadores para o seu lado, dando em muitos casos incentivos e em muitos outros cooptando lideranças. As lutas dos trabalhadores ultrapassavam as fronteiras internacionais. Quando nem sequer se ouvia a palavra globalização, os trabalhadores já estavam globalizados tanto no trabalho quanto em suas reivindicações e organizações. Muitos trabalhadores viam, mas não enxergavam que o lucro do patrão era a sua miséria, que o carro novo do patrão era seu suor que caia do rosto, que a mansão do patrão era seu barraco na favela, era dele que o patrão tirava até seu ultimo suspiro de cansaço ao final do dia para engordar sua conta bancaria e o que ele via é que as fabricas iam crescendo o patrão se tornava mais rico e sua vida não melhorava em nada, via sua juventude ser deixada na linha de produção e o que lhe restava para a velhice eram sérios problemas de saúde e a família que ele não viu se formar, pois quando saia para trabalhar estavam dormindo e quando voltava para casa depois de horas de trabalho ele só queria descansar. Esta exploração pode ser vista de todos os ângulos e tempos, mas uma coisa é certa ela existe e está posta para que as organizações combativas não deixem de lutar, pois a classe trabalhadora é uma só, a classe trabalhadora é internacional e a fragmentação desta classe só beneficia o capitalismo. As organizações dos trabalhadores têm que combater a fragmentação e recolocar na pauta das discussões não só a redução da jornada de trabalho, mas a formação e a educação dos trabalhadores, pois se produzem a riqueza do mundo também podem e devem produzir a sua riqueza pessoal que é a sua formação e educação, não podem assimilar a idéia de que filho de trabalhador tem que se qualificar para trabalhar na empresa capitalista. Na verdade, ele tem que se educar para fazer parte do mundo e usufruir de toda a riqueza produzida. As empresas multinacionais apesar das crises existentes sempre recebem ajuda de governos para não quebrarem, mas e os trabalhadores, quando são demitidos por estas mesmas empresas? A final quem constrói as crises? Os trabalhadores? Quem faz falcatruas com balanços de empresas, quem faz especulação no mercado financeiro? Estas respostas são fáceis de responder, mas é mais fácil ainda saber quem vai pagar esta conta. Os capitalistas estão tentando manter o sistema capitalista a qualquer custo, custo este que está caindo nas costas dos trabalhadores. Tem algumas palavras que estão em moda no mundo capitalista financeirizado: reestruturação produtiva, flexibilização de direitos trabalhistas e previdenciário, valor agregado, até os trabalhadores estão mudando de nome dentro das empresas: não é mais empregado, mas colaborador, parceiro. O que está em curso é mais uma ofensiva dos capitalistas. A cada crise, os capitalistas falam em reduzir custos, que significa reduzir salário e, flexibilizar direitos. Eles nunca falam em reduzir seus próprios lucros. Nas campanhas salariais dos trabalhadores o que se consegue, no máximo, é repor a inflação do período e mais nada e, se depender do capitalista, o trabalhador tem que vestir a camisa da empresa, esta mesma empresa que quer passar a imagem que todos têm que fazer a sua parte, mas esta empresa aumentou seu lucro e não repassou o lucro aos trabalhadores quando não existia a “crise”. Os capitalistas têm um grande aliado que são as grandes redes de comunicação que repetem o que os capitalistas dizem. Os meios de comunicação, jornal, rádio, televisão entram nas casas de todos os trabalhadores, despejando contra-informações que beneficiam os capitalistas. A crise neoliberal já se arrasta por um bom tempo, mas não se pode falar que o sistema está em crise, o que está acontecendo é um ajuste na economia, ajuste este que vem junto com demissões e precarização das condições de trabalho, terceirização e até mesmo a ameaça de fechar as empresas e demitir milhões de trabalhadores e recontratar mais ali na frente, com salários achatados. Aí, os meios de comunicação se encarregam de criar o pânico entre os trabalhadores que, em muitos casos, aceitam reduzir salários e direitos conquistados. O mundo trabalho vive em transformação, dentre as muitas mudanças, a informalidade vem aumentando significativamente. A informalidade está presente hoje em todos os setores da economia, não da mais para citar este ou aquele setor da economia que está mais ou menos informal. O que existe é uma rápida e perturbadora transformação no mundo do trabalho, existem até estudiosos do tema alardeando que o trabalho formal irá acabar e a informalidade é que vai reger o mundo do trabalho, mas aos trabalhadores importa que seja o trabalho formal ou informal a exploração vai continuar. O agravante é que a informalidade vai devastar direitos conquistados e os trabalhadores terão que se submeter ainda mais aos capitalistas. O paralelo existente entre formal e informal nos leva a verificar que tanto o formal quanto informal são interessantes para o capital, pois ambos podem gerar mais valia. O capital não se preocupa de onde vêm seus lucros, o importante é que venham e que sejam muitos, mas a informalidade com certeza é muito mais atrativa aos olhos do capital, pois atrás da informalidade vem a falta de organização dos trabalhadores e com certeza serão muito mias explorados. A precarização, a terceirização e a informalidade do mundo do trabalho são fundamentais para o capital se fortalecer e ver seus lucros aumentarem. Todo trabalho produz algo e é na produção que se gera a mais valia, mas a produção resultante do trabalho informal é mais nefasta ao mundo do trabalho, pois propicia um maior nível des exploração.
A exploração capitalista vai construir cidades de fabricas fantasmas pelo mundo todo, criando a informalidade e reduzindo o trabalho vivo. O que a informalidade mostra também é a falsidade do discurso fácil dos capitalistas. Segundo eles, a flexibilização é para evitar demissões, mas o que eles não falam é que a flexibilização se expressa nas demissões e na informalidade que está em curso. Quando você assiste uma matéria na TV, dizendo que o índice de emprego aumentou e o desemprego caiu, na verdade o que está acontecendo é uma mudança do perfil de contratação: os capitalistas estão trocando seu estoque de mão de obra, substituindo os trabalhadores mais antigos, geralmente homens, por mulheres e jovens que, de alguma forma, inclusive com salários mais baixos, terão uma sobrevida no emprego até serem substituídos por outros, sempre em número menor, pois maquinas cada vez mais modernas tendem a ser operadas por cada vez menos trabalhadores. A financeirização da economia está em curso: o que é mais fácil produzir ou especular? Claro que especular é mais fácil que produzir, mas a especulação oferece muito mais riscos. Então, os grandes grupos econômicos também se mantêm na produção, porque é lá que o capital nasce. Assim, após obter o lucro este é aplicado no mercado especulativo, onde os mesmos podem dobrar. Desde que o mercado não reserve nenhuma surpresa, o capital nunca deixa de ganhar, o que ganha na exploração do trabalho, multiplica na especulação financeira. A financeirização é cada vez mais lucrativa, basta ver os lucros dos bancos que ganham cobrando taxas abusivas e tendo a complacência dos governos. Mas tanto a financeirização da economia como a flexibilização e a informalidade estão ligadas entre si, pois graças a essa combinação o capital consegue obter lucros fantásticos.
Os discursos anticapitalistas ecoam pelo mundo, movimentos de trabalhadores na Europa estão vendo que seus direitos são violados e estão indo às ruas protestar, no berço do capitalismo, nos Estados Unidos da América, trabalhadores estão sendo demitidos aos milhões. As novas investidas do capitalismo, ou seja, o novo arranjo produtivo vem demonstrar que a flexibilização e a informalidade estão a todo vapor, e é um quadro irreversível, porque o movimento sindical não está preparado para combater esta investida do capital. Uma constatação assustadora é que a informalidade está crescendo e que esse fenômeno é muitas vezes usado para alterar as estatísticas do emprego, no sentido de obscurecer os níveis crescentes do desemprego. É por isso que os índices de desemprego e emprego às vezes ficam fora da realidade. Por um lado, não representam o que se vê nas filas para arrumar o emprego e, por outro, apesar do volume de desempregados, diminuiu a entrada de pedido de seguro desemprego, porque os trabalhadores informais não recebem este beneficio, ficando a mercê da própria sorte. A informalidade tende a crescer muito. Trata-se de uma forma de exploração que favorece ainda mais o capital, ao mesmo tempo em que aumenta a desproteção ao trabalho, pois implica trabalhar sem carteira assinada, sem vínculo empregatício formal, portanto, sem os direitos trabalhistas. Esta leitura que é feita sobre as tendências do capitalismo é importante, pois, o capital é um camaleão: ele muda o nome, muda a forma que irá explorar, mas continua o mesmo explorador, e ainda mais preocupante é que se está produzindo mais com menos trabalhadores nas indústrias, nas empresas multinacionais e nos grandes grupos. As grandes empresas, em nível mundial estão se fundindo; igual fenômeno acontece com os bancos. As fusões pretendem garantir a competitividade e manterem o monopólio. Contudo, quando acontece a fusão o primeiro impacto é a demissão de milhares de trabalhadores. Os banqueiros compram bancos menores, vão fechando agências e colocando no seu lugar agencias vinte e quatro horas, razão pela qual se justifica a demissão de muitos trabalhadores.
Diante disso, o se coloca, internacionalmente, é que se as organizações dos trabalhadores não se prepararem para representar esta massa de desempregados, que a cada dia aumenta mais; se não se começar a discutir políticas alternativas e até mesmo políticas voltadas para a geração de emprego e renda, estaremos entrando na era da barbárie, ou seja, estaremos retrocedendo muitos séculos e um novo ciclo irá nascer. Neste, a luta será pela comida, pela casa, pela sobrevivência, não podendo se descartar saques e convulsões sociais. Se pensarmos que todo o sistema capitalista repousa no fato de que o trabalhador vende sua força de trabalho como mercadoria e que a sobrevivência do trabalhador depende dessa venda, como conceber a ordem social quando um número cada vez maior de trabalhadores perde a possibilidade de acesso ao consumo? A divisão do trabalho unilateraliza essa força de trabalho em uma habilidade particularizada de manejar uma ferramenta parcial. Ou seja, a existência do trabalhador está condicionada ao trabalho coletivo. Reduzidas as possibilidades de fazer parte do trabalho coletivo, o que vai vender o trabalhador? Os capitalistas com certeza não estão preocupados com a sobrevivência dos trabalhadores, mas estes já começam a esboçar sua revolta. Nesta ultima crise capitalista do mercado financeiro europeu, houve ataques e até seqüestro de altos executivos por ex-trabalhadores demitidos. A revolta dos trabalhadores se deve ao fato de verificar que a sua demissão é justificada na quebra da empresa, o que não implica empobrecimento do capitalista enquanto pessoa física. Ora, se os trabalhadores europeus, cujos níveis de educação e organização ultrapassam a média, mundialmente, já expressam em tais atitudes o pavor do desemprego, o que esperar dos trabalhadores da periferia? Tem sustentação a tese do fim da sociedade do trabalho? E o fim do trabalho assalariado? Aceitar a tese do fim da sociedade trabalho assalariado traz implicações que apontam para o fim do capitalismo, para o fim da sociedade produtora de mercadorias, pois com o fim do trabalho assalariado, formal ou informal, estaria se instaurando uma nova formação socioeconômica, na qual o modo como o trabalho excedente, o mais valor, é subtraído do seu produtor já não ocorreria por meio de exploração do trabalho assalariado, pilar da sustentação do capitalismo. Para produzir mercadorias é fundamental o emprego da força de trabalho, pois é essa mercadoria que tem a capacidade de fazer aumentar o capital inicial. Então, considerando que as circunstâncias expostas são criadas pelo próprio capital, é evidente que mudaram as formas, mas o capital jamais se autodestruiria. O desaparecimento do trabalho assalariado implicaria o desaparecimento do capitalismo. É certo dizer que o numero de operários no mundo aumentou, pois se aumentou a população mundial o numero de operários também aumentou. O que se presencia é um aumento do chamado trabalho morto (maquinas e equipamentos), portanto, redução de trabalho vivo (trabalhadores), implicando por isso aumento do desemprego. Contudo, isso não permite afirmar que o trabalho assalariado caminha para a extinção. O emprego está mudando a sua cara: na atual reestruturação produtiva, extinguiram-se empregos e criaram-se outros. A lógica capitalista, renovada e revigorada, historicamente tem encontrado escapes. Ora o acúmulo do capital é elevado ao maior grau de exploração da mais valia, ora menos, contanto que o fim capitalista seja mantido continuamente. As novas formas de produção capitalista acontecem sempre que uma reestruturação produtiva se impõe. Dar-se conta das conseqüências de tais reestruturações é um processo lento e, muitas vezes, quando as organizações dos trabalhadores conseguem um jeito de amenizar os impactos que estas lhes causam, novamente já mudaram as formas de exploração e, assim, o capital vai caminhando firme e forte. O que não pode ocorrer é assistirmos passivos ao retrocesso das conquistas históricas da classe trabalhadora. Nesse sentido, temos que recorrer à citação de Marx.

O próprio desenvolvimento da indústria moderna contribui para inclinar cada vez mais a balança a favor do capitalista contra o operário e que, em conseqüência disso, a tendência geral da produção capitalista não é para elevar o nível médio normal do salário, mas, ao contrario, para fazê-lo baixar, empurrando o valor do trabalho mais ou menos até seu limite máximo. Porem, se tal é a tendência das coisas nesse sistema, quer isso dizer que a classe operária deva renunciar a defender-se contra abusos do capital e abandonar esforços para aproveitar todas as possibilidades que se lhe ofereçam de melhorar a sua situação? Se o fizesse, ver-se-ia degradada a uma massa informe de homens famintos e arrasados sem probabilidade de salvação. Creio haver demonstrado que as lutas da classe operária em torno do padrão de salários são episódios inseparáveis de todo o sistema do salariado: que, em 99% dos casos, seus esforços para elevar os salários não são mais que esforços destinados a manter de pé o valor do trabalho e que a necessidade de disputar o seu preço com o capitalista é inerente à situação em que o operário se vê colocado e que o obriga a vender-se a si mesmo como uma mercadoria. Se em seus conflitos diários com o capital cedessem covardemente, ficariam os operários, por certo, desqualificados para empreender outros movimentos de maior envergadura (1982, p.184).

Analisando esta citação temos a convicção que tanto os trabalhadores formais quanto os informais não devem abandonar a luta por conquistas e não devem se deixar abalar pela reestruturação produtiva ou por outros arranjos de qualquer natureza. Os operários têm que continuar a fazer o que sempre fizeram: lutar, tentar manter as conquistas, sobretudo, ampliá-las, pois se depender do capitalista os operários trabalham de graça. O trabalho jamais se acabará, pois é uma eterna necessidade do homem. Quanto ao fim do trabalho assalariado, que aponta a reestruturação produtiva, só aponta, pois a base do sistema capitalista é o trabalho assalariado, sem esta base o sistema sucumbiria e isso o capital não quer que aconteça, então de uma forma ou outra o trabalho produtivo irá continuar, coexistindo com o trabalho improdutivo, seja ele formal ou informal. O padrão produtivo atual, a mudança de relação um homem/uma maquina para a relação uma equipe/um sistema, em que um homem opera em média cinco maquinas, por si só já é uma intensificação do trabalho.
Mas o capitalismo não sobrevive por si só. Ele necessita de ajustes econômicos e políticas econômicas voltadas para os seus interesses. Seria muito difícil o capitalismo sobreviver se não houvessem políticas voltadas para a sua ideologia. Os ideólogos do capitalismo e defensores do sistema estão nas câmaras dos vereadores, nas prefeituras, na câmara federal, no senado federal, na presidência da republica, no judiciário, nas igrejas e em outras inúmeras instituiçoes que dão sustentação a este sistema. Em sendo assim, falar de reestruturação produtiva não significa restringir a discussão aos espaços da produção capitalista. As transformações tecnológicas estão ocorrendo nas empresas, nos meios de produção, mas uma outra forma de dominação é disseminada na família, na igreja, nas escolas, que também expressam a ideologia capitalista. Neste sentido, o capital quer que as escolas técnicas se multipliquem, assim terão mão de obra qualificada e barata. Já as universidades particulares estão se proliferando, com pouco conteúdo teórico e deixando de cumprir o papel social que cabe ao ensino superior. Estas universidades muitas delas ligadas ao grande capital vieram para acabar com a qualidade do ensino e assim formar profissionais despreparados, pois ela visa apenas o lucro, sendo a qualidade no ensino absolutamente secundária. Isto mostra que não é só na produção que o capital consegue obter e impor seus objetivos mercantilistas.
O aumento do trabalho informal é inquestionável. Constatar isso já não requer pesquisa, basta olhar em volta, nas praças, nas ruas, nas famílias de trabalhadores. Essa modalidade de trabalho aumenta a exploração e a precarização da vida dos trabalhadores, tendo em vista a dificuldade de acesso aos bens de consumo. A substituição de trabalho vivo por trabalho morto aumenta o exército de reserva, o que amplia o poder do capital e a subordinação do trabalho. Diante do exposto, parece que não há saída para os trabalhadores, a não ser submeter-se ao domínio do capital. Contudo, não é o trabalho que precisa de capital, mas o capital que precisa do trabalho. Como no Manifesto Comunista, gostaríamos de fazer um último chamamento: “Proletários de todos os países, uni-vos!”






Marcos Vinício Marin – Presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas, Mineração, Madeiras e Carvão Vegetal em Geral de Mato Grosso do Sul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário